Darcel: nova marca baiana é lançada, com originalidade e um toque de “estranheza”
- Fê Sena
- 21 de abr.
- 3 min de leitura
Confira detalhes do lançamento, a partir de uma entrevista exclusiva, com o criador da marca, o estilista William Miguel
É inegável que Salvador, uma cidade que por muitos anos, não foi considerada pólo propulsor da moda, tem tomado outros rumos prósperos nos últimos anos. Entre diversas marcas criadas e que carregam uma identidade única, está a mais nova, o ateliê Darcel.
Criada por William Miguel, design e formado em moda. Diferente do que é encontrado no mercado de moda, na capital baiana, o criador, de 20 anos, quis trazer uma perspectiva pessoal e desmistificar preconceitos em relação ao que é ser considerado “estranho” através da Darcel, que produz peças sob medida, com perspectiva futura de pronta entrega.
Com o slogan “estranho também é atrativo”, Miguel afirma que a Darcel tem como um dos principais objetivos “colocar o corpo como manifesto”. A produção do lançamento recente foi feita com base em inspirações góticas e sombrias, trazendo a perspectiva do “estranho”.
“Eu trago inspirações de filmes de terror, como ‘Tim Burton’, ‘Noiva Cadáver’, ‘Exorcismo’ e ‘Cemitério Maldito’, diz Miguel em entrevista a Revista DémodÉ. Tanto que a escolha do local para realizar foi quase óbvia, um cemitério, um lugar cercado por estigmas, mas que alguns trazem uma riqueza de arquitetura, através do neoclássico, barroco, entre outras produções artísticas.
“Essa coisa sombria, gótica, eu costumo dizer que sempre esteve comigo, acredito que faz parte da minha vivência. Eu sou um garoto lgbt e sempre ouvi as pessoas me chamando de ‘estranho’ pelo jeito de me vestir com roupa agênero, peças pretas, unhas pintadas, etc”.
A Darcel traz peças agênero, movimento que vem ganhando força no processo de produção das marcas, em um mundo da moda que clama por liberdade, autenticidade e que tem desconstruído o preconceito perpetuado pela moda considerada convencional, feita apenas para um sexo.
“As pessoas góticas, na verdade, qualquer pessoa, que se expresse de maneira diferente é visto com estranheza, porém eu quis trazer isso do porque o estranho também não pode ser atrativo”, explica Miguel. A esperança do artista é que a marca alcance um público que consiga compreender o objetivo da Darcel e alçar novos voos.
A moda cria um artista
Miguel sempre esteve envolto no mundo da moda desde a infância, quando tinha apenas 7 anos de idade, quando aprendeu a costurar com a avó. Chegou até a realizar alguns trabalhos como modelo, mas se viu mesmo no design, e já alimentava há muito tempo o sonho de criar a Darcel.
Nascido em Candeias, na Região Metropolitana de Salvador, Miguel chegou a Salvador a 3 anos e enfrentou diversas dificuldades para se inserir no mundo da moda. “Quando cheguei aqui em Salvador, as coisas eram bastante complicadas, um menino preto, periférico, tentando fazer moda, mas a força de me expressar através da moda era muito maior que qualquer chacota”.
Miguel estudava à noite, e pela manhã realizava entrega de gás e água em uma distribuidora. Já à tarde, era vendedor em uma loja de roupas fitness, até que surgiu uma oportunidade através da C&A, de realizar seu “primeiro corre na moda”.
A partir desse momento, os donos da marca baiana Ateliê Mão de Mãe o conheceram e acreditaram em seu trabalho. “Comecei a atuar como design de moda e em pouco tempo, eu estava criando uma coleção para o SPFW. Logo após conheci os criadores da Dendezeiro que se interessaram muito no meu trampo e me chamaram para trabalhar com eles”, relata Miguel. Hoje, com a Darcel, o estilista também se posiciona no mercado, com originalidade com uma marca que veio para ficar.
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